terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Menino Bobo


Ela estava irritada e com sono, e lavava a louça do almoço de costas para o sobrinho. Os gritos de crianças espalhados pela casa e a tortura da falta de silêncio a angustiava. Mal podia concentrar-se nos seus pensamentos sempre mudos. Mas o menino falava tanto e a amava tanto que sentia alguma coisa de ruim nela mesma. Não fosse egoísmo e ciúmes das próprias palavras seria o quê?
Aquela criança era tão boba, tão boba e tão. Arriscou-se a conversar.

- Tia, depois da louça, vamos fazer um treinamento ninja?
- Hum rum.
- Tia, eu vou ser veterinário.
- Hum rum.
- Tia, e a senhora?
- Hein?
- O que a senhora vai ser quando a senhora puder ser tudo?
Ela ficou imóvel por alguns segundos. Ninguém tinha feito antes aquela pergunta estranha, nem pode responder de confusa. Sentiu-se como uma lagartinha burra.

- Hum, acho que eu quero ser uma borboleta
Ele abraçou as pernas dela e sorriu.
- Então eu vou cuidar da senhora, tia.

Ela abaixou a cabeça para olhá-lo.
Menino bobo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Maldición del escorpión


O poder que uma mulher tem sobre uma butch não é normal. Há tempos venho constatando isso. Nesses últimos meses parece que passou dos limites da normalidade e chegou nas faces secas da cruel bruxaria ou feitiçaria a la Sebastião do Coroado. Digo isso por causa das minhas amigas, anteriormente citadas. Quem diria que aquelas que vangloriavam sua solteirice como a bandeira de uma nação guerreira ficariam em casa à espera de uma ligação ou até mesmo de uma permissão pra sair.


SENHORAS, eu gritei.

Gritei pasma com a conclusão de tantos acontecimentos.


Angelina, fumante compulsiva (cof... cof...), bêbada inexorável, esculhambada já nos seus 21 anos, hoje vive com os cigarros contados pela maléovola Sovina. O que levava antes um dia pra fumar uma carteira de cigarros agora passa quase um mês.

-Posso fumar mais um, amor?
-Não, não pode!
-Se você disse que não, então tudo bem, amor. Minha vontade já passou, nem era vontade tão forte assim.


As fotos desta cena humilhante foram vetadas por alto contéudo imoral.




Se não bastasse a loura esperta, ainda temos a finess personificada - Zélia, que passa por maus lençois (ou seriam bons?) Zélia, pegadora nata, sorriu-piscou-já-era, atualmente pra dormir fora de casa pede pra Merladinha permissão... triste fim da Glória Kalil maranhense.

Podemos flagrar cenas como:


-Vamos ali, Zezé?

-Hic, posso não, Merlinha não deixa.

-Pode crê, (silêncio constragedor) relaxa então... Qualquer dia.



Gatas marotas, se vocês acham que isso é muito ainda não esperam pelo pior. Por enquanto vamos a outro caso clínico de Bucetite Aguda Crônica.


Quem não se lembra de Valeska? Não.


Não.

Não.


Isso mesmo. Não, monossílabo que regia a vida desta mulher sofrida, única palavra que dominava em vários idiomas (não, no, non, not, nã mermã) extinguiu-se com a chegada de Natirana. Classic exemplo.


Valeska, vamos sair? - 2007

Não!

Valeska, vamos sair? - 2008
Não!

Valeska, vamos sair? - 2009

Não!


Depois de Natirana...


Valeska....

Vamos sim, vamos né, nati?

Ebaaaaa, vamos.



O_o não tenho palavras pra descrever tal poder feminino sobre a butch negativa.



Diana, poupo-lhe sobre esses comentários superflúos. Estamos juntas na dor. Beeejo.




E para o grand finale, diretamente do Village do Rádio Anal, Fernada.

Não é segredo pra ninguém, nem pra Nelson Rubens, nem pra carismática Sônia Abrão que a fundadora do cone de ouro era a maior solteira convicta - mesmo namorando.


Após conturbado inferno astral no último decanato de outubro e início da casa de novembro, a pop star mencionada, que proferia aos sete ventos que jamais namoraria uma escorpiana novamente, se encontra nesse estágio da vitae com os culotes arriados por uma maligna aracnídea de ferrão. E quem diria, que odeia butches.


Esse poder feminino pode destruir amizades, regenerar fígados, salvar pulmões, limpar rins, tudo com um pouco de veneno e sexo secreto.




Onde a bucth se perde? Para onde foi aquela vivacidade para todo tipo de cabaré? Cadê as mulheres facéis, as bebedeiras sem fim, as ligações ao meio dia pra mãe pra dizer que não dormiu em casa? Onde estão os maços vazios, as garrafas quebradas?



Snif, ficaram pra trás, porquê na frente, mulheres só veem amor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Mariana Apanhadora


Sai daí, sua louca.
Não tenho medo.
Isso é alto.
Eu posso pular.
Não pode, não.
Posso sim.
Não pode, não.
Fala que duvida.
Não falo, não.
Fala que duvida.
Du-vi-do.

SPLAT

Manheeeeeê, a Mariana pulou de cima da laje. Bate nela!

A Janela


Ele passara meia hora em frente ao computador, ali estava escrito tudo o que queria dizer. Ela era uma piranha, uma vagabunda, uma safada, uma sacana, uma mesquinha, “uma medíocra?” que seja, deve ser o feminino safado de medíocre. E ainda mais, ela roncava quando dormia, era feia de perfil, tinha as pernas finas, o cabelo horrivelmente bagunçado, sem senso de humor, grotesca, grotesca, grotesca de novo. Por que diabos um dia namoraram?


Ela era insuportavelmente egoísta!


Sim. Ele enviaria. Repetiria na cara se quisesse, com todos os erres e sangue nos olhos. Se ela chorasse, ele se sentiria melhor, superior, saberiam quem realmente mandava no relacionamento, mas ela era tão orgulhosa. Quem sabe se ela entendesse, mas não, não. Ela era simplesmente orgulhosa, nunca mais o veria nos olhos de doente.


Ele por um breve instante sentiu medo, e em outro instante mais medo ainda. O instante foi se prolongando e virando momento. Ficou em dúvida. Ele a amava apesar de.


O importante é que ele a amava e não era orgulhoso. Levantou da cadeira num silêncio absoluto e chutou o computador com a violência das palavras.


— O que está acontecendo? Espantou-se ela que dormia no mesmo quarto na cama ao lado.
—Nada, disse ele, foi apenas um pombo.

Ele olhou pro computador quebrado, deitou ao lado da esposa e dormiu. Durante o sono escapou um pequeno sorriso, pois a janela estava fechada e não tinha como entrar pombo.

domingo, 3 de janeiro de 2010

2010: Ano Novo


Eis que se inicia mais um ano e lá vem a mesma ladainha universal de sempre.

Todos estão prontos para qualquer coisa desde que seja nova e não seja previsivelmente frustrada (como escrever um blog).


Divas e pedreiras ganharam de butch invisível agendas 2010 para anotar sabe se lá o quê! Mas o que interessa nessas comemorações de fim de ano é com quem você estava e que possilgas estava fazendo que até a defunta Dercy Gonçalves duvidaria.



Não sei da vida das inúmeras butches que povoam essa Ilha-Xirizal-de-Upaon-Açu, mas posso

contar sobre minhas poucas amigas Angelina, Fernanda, Diana, Valeska e Zélia.




1.Angelina


Cabelos loiros, escorridos, 160 cm, estudante de Química Alcoólica e amiga íntima de Maria Jane passou sua meia noite brindado em copo de plástico com sua atual namorada, Sovina.

Como tenho vértices da astrologia na minha raiz piauiense, posso prever no mínimo meia dúzia de infortúnios para essa acadêmica moribunda.


Significado do copo de plástico: terás um ano sem grandes acontecimentos, ano descártavel.


Tenho de espalhar por esta ilha que Angelina, extremamente bêbada com meio litro de vodka, foi vista pela última vez dormindo na areia suja da beira do mar entre urinas de um bar suspeito e flores de macumba das ondas.


Lástima...


2. Fernanda


Cabelo rasta, curto, de cor verde, estudante de Ciências das Patologias Psíquicas, participante do clube cone de ouro, passou sua meia noite ao lado da sua ex (melhor não ciTHAr nomes). Horas depois outra ex apareceu (o inesperado realizou-se).


Reunidas pela forte magia roxa de sua ante-antepenúltima ex, unidas pelas ondas, flores e despachos da maligna, a sofrida protagonista de melodramas mexicanos foi vítima de outra agulhada (melhor não comenTHAr a BRUtalidade sofrida), MAS, NO ENTANTO, TODAVIA, CONTUDO, saiu por cima da carne seca e foi vista aos abraços com uma outra senhora de signo arrepiante pela orla marítima.


Testemunhas confirmam reapiração da pobre Thalia do Maranhão em casas badaladas e corpos e copos evidenciando alegria posteriore.


Significado do babado do ano: Terá sucesso na vida amorosa em 2010, mas dor de barriga não dá só uma vez, por isso compre uma snipe.




3. Diana


Feminíssima, promíscua, leite de 180 cm, estudante de Ciências da Butcheologia, fotogênica, e atualmente a lisa do ano, foi vista em um belíssimo vestido vermelho com sandálias da Carmen Steffens.


Infelizmente, tem pensado seriamente em entrar para a High Society e participar do Clube Cone de Ouro.


Foi vista pela última vez no calçadão do bar da Marlene, bêbada, descabelada, tropeçando, aos prantos e com seu cabelo esvoaçante... tsc tsc..


Significado do Vestido: Este ano, carismática donzela, terás uma paixão violenta que terminarás no vermelho do sangue.



4. Valeska


Prostituta lésbica assumida, elegante de baixa renda, positivista, estudante da Engenharia do Contra, e penteadíssima, tem 22 anos. Passou 2009 gozando entre várias mulheres, tantas que nunca se lembrou do nome de nenhuma.


Foi vista, pela última vez - ela jura, descabelada, solteira, pulando ondas com a namorada de nossa amiga em comum, Sovina. Vestida em trajes de gala, pode apreciar a vista litorânea equilibrando o peso do corpo com o do copo.


Siginificado do Despenteado: neste ano uam mulher irá enlouquecer sua cabeça.



5. Zélia


Menina muito gorda, chique de doer, dos cabelos sedosos e bem cortados, com um senso de moda invejável para colossais como Clodovil e Ronaldo Esper. Consegue combinar uma calça abaixo dos peitos com uma bandana e uma jaqueta jeans punk.


Não vi Zélia na praia. Talvez estivesse em algum desfile no Maiobmilão... ops.. Milão*





Enfim... todas nos saltitos das ondas pediram coisas normais como mais álcool, mais senso de moda, menos galhas, etc.





P.S: Ano suspeito. Nenhum dente quebrado.