terça-feira, 23 de março de 2010

Maldito Coração


Nesses últimos tempos, venho ensaiando ser uma grande e desprezível cafajeste. Não seria um tapa na cara de ninguém, pois todos já visualizam essa imagem em mim. Infelizmente, meu sorriso fajuto de canto de boca e minha conversa suja e inescrupulosa, altamente pervertida, somando com minha cara cínica e dissimulada, e meu precioso gosto pela bebida, resultam nessa minha efígie vulgar.

Sim. Eu tentei. Remexi o caderninho, andei de bobeira por aí, bebi nos bares mais execráveis, conversei com as mulheres mais solícitas, correspondi a olhares, respondi conversas de msn e scraps do orkut, atendi telefonemas, ousei a dançar forró, fui à boate, ao cabaré, puteiros, teatro, museu, ponches, calouradas e a toda a sorte misericordiosa do mundo.

Resultado: mulher pra cada dia da semana, com direito a até duas por dia, ou três, ou quatro. Cada uma mais diferente do que outra (magra, alta, lisa, rica, ignorante, nerd, bonita, feia, sensual, butch... ). Ai, sapas. Enfim, consegui ser a mais sacana de todas, a mais desprezível cafajeste, a mais calhorda e imbecil entre todas as butches que permeiam a face da terra.

Sei que agora nesse momento, muitas de vocês desejariam ter alguém a quem se acolher, mas a verdade não é de e para todas. Pesarosamente, em meio a tantos braços e colos, eu não quero ninguém. Se eu as iludi? Pode se dizer que sim, mas também não disse que eu buscava um relacionamento. Entorno meu copo esperando esquecer tudo: da vida, do emprego, da faculdade, da família. Estou triste com o mundo, comigo.

Eu não sei ser sacana. Não sei ser uma miserável egoísta.
Afogada entre tantas mulheres de toda fortuna, mesmo assim, eu só penso nela. E ela diz por aí que quer me ver feliz. Como?

“O lugar vago ainda é dela.’’

Juro que tentei, mas meu coração ainda
resiste como o último vietnamita.

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